Foto: Lema da unidade
Foto: Foto da unidade da Polícia Militar de Santa Catarina
Cap Osmar
Cidadão
Unidades
Boletim de Ocorrência
Concursos
Ouvidoria

 

PERSONAGENS
Capitão Osmar Romão da Silva
Coronel Antônio de Lara Ribas
Coronel Cantidio Quintino Regis
Coronel João Cândido Alves Marinho
Coronel Pedro Lopes Vieira
Feliciano Nunes Pires
Major Ildefonso Juvenal

 

 

CAPITÃO OSMAR ROMÃO DA SILVA

 

 

No início de 1931, a Força Pública de Santa Catarina abriu concurso para preenchimento de vagas de 2º tenente.

Entre os inscritos, estava Osmar Romão da Silva. Natural de Florianópolis, nasceu em 23 de outubro de 1912. Era o mais velho dos cinco filhos de Paulino José da Silva, proprietário de uma panificadora no bairro da Trindade, e de sua esposa, Alípía Ferreira da Silva..

Osmar demonstrou pendor para as letras já na escola primária. Ainda rapazola, foi trabalhar, como revisor, no jornal “O Estado”. Estimulado por amigos, submeteu-se a exame de seleção para a Escola de Sargentos de Infantaria do Exército. Aprovado, fez o curso de dois anos no Rio de Janeiro. Promovido a 3º sargento, foi designado para servir no 14º BC, na capital catarinense.

Era já 2º sargento quando fez o concurso na Força Pública. Aprovado, foi, em 21 de março de 1931 comissionado 2º tenente, e efetivado nesse posto a 18 do mês seguinte.

Em dezembro daquele mesmo ano, foi nomeado delegado de polícia de Chapecó Lá permaneceu até julho de 1932, quando recebeu ordem de recolher-se à capital para incorporar-se ao Batalhão de Caçadores da corporação que partiria, no dia 29, para participar da campanha contra os revolucionários de São Paulo , na chamada Revolução Constitucionalista.

Durante a campanha, que terminou em 1º de outubro, além dos costumeiros elogios coletivos após cada ação bem sucedida, recebeu três citações individuais por desempenho em combate. Escreveu, nesse período, um diário, simples caderneta com anotações a lápis relatando o cotidiano da tropa, que demonstra a sua vocação jornalística e o sentimento humanitário que foi sua marca. (com notas explicativas do autor deste resumo, o diário foi publicado pelo Clube dos Oficiais, em 1998).

Terminado o conflito, voltou ao seu posto efetivo e às suas obrigações rotineiras. Casou-se, no ano seguinte, com Maria de Lourdes Mayvorne, com quem viria a ter três filhas, Neda, Neusa e Neide. Em 27 de julho, foi promovido a 1º tenente. Em novembro, foi enviado para Curitibanos como delegado de polícia, função que viria a exercer também em Lages, Herval, Cruzeiro, Araranguá e, por duas vezes, em Canoinhas.

Entre 1935 e 1936, comandou a 1ª Companhia Isolada, em Herval, na qual introduziu vários melhoramentos, como biblioteca, farmácia, enfermaria e escola.

Na Força Pública esteve sempre ligado às atividades de ensino e aperfeiçoamento profissional. Escrevia sobre os mais variados temas. Sensibilizavam-no, principalmente,as questões sociais e humanas.

Em agosto de 1938, lançou um livro em que reunia várias crônicas já publicadas e outras inéditas, com o título de uma delas, “Miséria”.

Durante o ano de 1939, freqüentou, no Rio de Janeiro, o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais da Polícia Militar do então Distrito Federal, no qual se classificou em primeiro lugar. Pouco tempo após seu retorno, foi designado ajudante de ordens do interventor federal Nereu Ramos, de quem se tornou amigo e valioso auxiliar.

Mesmo com as múltiplas atividades no Palácio do Governo, continuou a lecionar no Curso de Sargentos, e sempre encontrou tempo para escrever e estudar. Em 1940, o Departamento Estadual de Estatística publicou monografia sobre o município de Canoinhas, de sua autoria. O nº 3 da Coletânea de Estudos Políciais-Militares, da Força Pública, publicou “Questões de Geografia Militar”, conferência que havia pronunciado no Centro Geográfico Catarinense.

Publicou, em abril de 1942, o livro “Curso de Polícia”, especialmente para autoridades policiais, com noções teóricas sobre polícia, orientação para organização de delegacias e completo formulário para elaboração de inquérito policial e auto de prisão em flagrante. Considerada a obra mais completa do gênero no país, o livro teve duas outras edições, a última péla consagrada Livraria do Globo, de Porto Alegre.

Em 12 de março de 1943, Nereu Ramos concedeu exoneração ao seu ajudante de ordens, e o nomeou, em seguida, delegado de polícia de São Bento. A dispensa e nomeação se deveram, na verdade, a problemas com a saúde de do tenente Osmar, para cujo tratamento se recomendava o clima da cidade serrana.

Em São Bento passaria os últimos anos de sua curta existência Ali, em ambiente tranqüilo, pode dispor do seu tempo de folga para estudar e ler. Preparou trabalhos como”Unidade Geográfica do Brasil” (in Anais do Congresso de Brasilidade., edição de DEIP/SC) e “Rotas Pioneiras de Santa Catarina”, publicado na Revista de Geografia do Instituto Brasileiro e Geografia e Estatística”. Sempre atraído pelo jornalismo – já em 1929 , em São José, havia fundado, com Orlando e Reinaldo Filomeno, um jornal semanário, “O Município” – fundou e dirigiu o jornal “ Planalto”, também semanário, para o qual escrevia regularmente. Era membro da Associação Catarinense de Imprensa, portador da carteira nº 45. Tornou-se membro do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina e de seu congênere de Minas Gerais.

Em 23 de abril de 19444, foi promovido a capitão. No início de 1945, foi nomeado prefeito do município, então denominado Serra Alta (atual São Bento do Sul). Em dezembro daquele mesmo ano, colou grau como bacharel em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Paraná.

Nos primeiros meses de 1946, seu estado de saúde se agravou. Pelas 14 horas de 10 de março, faleceu, aos 35 anos de idade. Seu enterro aconteceu no dia 12, no cemitério da Trindade, com grande acompanhamento. O comandante geral da Polícia Militar, coronel Cantídio Quintino Régis, fez publicar em seu boletim interno extenso necrológio, em que, além dos dados curriculares, pôs em destaque as qualidades pessoais e profissionais do oficial falecido, e assim concluiu:

Como se me afigura ato de justiça indubitável, resolvo dar à biblioteca desta Polícia o nome de “Biblioteca Cap. Osmar Silva”, decisão que certamente terá o apoio de todos os componentes desta força a quem tão alto elevou o nosso nome por sua cultura e inteligência.

O capitão Osmar deixou muitos trabalhos inéditos. São crônicas, poesias e um romance inacabado, intitulado “Sofrimento”, tudo escrito em cadernos escolares comuns, à tinta e com poucas correções, cuja leitura revela potencial que poderia tê-lo alçado ao nível dos grandes nomes da literatura nacional.

Em 29 de novembro de 1960, a Câmara Municipal de Florianópolis aprovou a Lei nº 470ª, de iniciativa do prefeito Osvaldo Machado, através da qual passou a denominar-se “Capitão Osmar Silva” uma das ruas do atual bairro Pantanal,4próximo ao local onde ele nasceu.

Medalha de Mérito Intelectual com seu nome foi instituída pela Lei nº 6.463, de 23/11/1980, para ser conferida aos primeiros colocados no Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos da Polícia Militar.