Na manhã desta segunda-feira, 13, a Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC) realizou uma solenidade em comemoração aos 215 anos de criação da Divisão da Guarda Real de Polícia no Brasil. O evento foi celebrado no pátio da Academia de Polícia Militar da Trindade (APMT), em Florianópolis, e contou com entrega de medalhas.
Com a presença da Banda de Música, O Piano Catarinense, a cerimônia celebrou um marco fundamental na história das forças de segurança do Brasil, reconhecendo a importância da Guarda Real de Polícia como o embrião das Polícias Militares do país, tendo atuado em momentos históricos cruciais, como a Guerra do Paraguai e a Proclamação da República.
A cerimônia, além de enaltecer a trajetória histórica da nação, foi marcada pela entrega da Medalha de Mérito Educativo da PMSC. Esta honraria destina-se a reconhecer e premiar militares estaduais e federais, autoridades, civis e instituições que tenham contribuído significativamente ou prestado serviços relevantes à educação na PMSC.
Os homenageados foram indicados pelo diretor da Academia de Polícia Militar da Trindade, coronel Marcus Vinícius dos Santos, homologados pelo Conselho do Mérito Policial Militar e outorgados pelo comandante-geral da PMSC, coronel Aurélio José Pelozato da Rosa.
"Neste momento solene, reconhecemos não apenas os feitos heróicos do passado, mas também celebramos aqueles que continuam a moldar o futuro da educação dentro da nossa instituição. A educação é a base sobre a qual construímos uma força policial mais capacitada e preparada para servir à sociedade", afirmou o coronel Pelozato durante a cerimônia.
Conheça a Divisão da Guarda Real de Polícia
A Divisão da Guarda Real de Polícia de 1809 foi uma instituição militar criada no Brasil durante o período colonial, tendo suas origens na Guarda Real de Polícia de Portugal. Esta unidade foi estabelecida por iniciativa de D. João VI, então Príncipe Regente de Portugal, que trouxe a família real portuguesa para o Brasil em 1808, fugindo das invasões napoleônicas em Portugal.
Ao chegar ao Rio de Janeiro, então capital do Império Português, D. João VI trouxe consigo uma série de reformas e medidas que visavam modernizar e organizar a estrutura administrativa, militar e policial da colônia. Nesse contexto, em 13 de maio de 1809, foi criada a Divisão Militar da Guarda Real de Polícia, constituindo o primeiro núcleo efetivo do que viria a ser a Polícia Militar brasileira. A data marca a criação das Polícias Militares do Rio de Janeiro e do Distrito Federal.
A missão inicial desta divisão militar era a de guarda e vigia da cidade do Rio de Janeiro, assumindo responsabilidades de policiamento e da ordem pública na capital colonial. Inspirada na Guarda Real de Polícia Portuguesa, essa nova instituição militar tinha como modelo uma estrutura organizada e disciplinada, destinada a manter a ordem e a segurança na cidade.
Sua criação representou um marco importante no desenvolvimento da segurança pública no Brasil colonial. Composta por soldados treinados e disciplinados, a guarda desempenhou um papel fundamental na manutenção da ordem durante um período de grandes transformações e agitações políticas do país.
Ao longo dos anos, esteve envolvida em diversos eventos históricos significativos, como as lutas pela independência do Brasil e a pacificação de províncias rebeldes. Sua atuação foi marcada por bravura, heroísmo e dedicação à sociedade e à pátria, tornando-se parte integrante da história militar do país.
A participação do Corpo Policial da Corte, sob o comando do Duque de Caxias, na campanha do Paraguai entre os anos de 1864 e 1870, foi um momento marcante na história desta Divisão Militar. Caxias, com sua convicção e determinação, persuadiu o Imperador a enviar esses milicianos para a guerra, assegurando que estariam à altura das tropas de primeira linha da corte.
Assim, durante a Guerra do Paraguai, a Divisão da Guarda Real de Polícia desempenhou um papel crucial como parte das forças brasileiras mobilizadas para enfrentar o ditador paraguaio Solano López. Diante da desigualdade de forças entre o Brasil e o Paraguai, o governo brasileiro recorreu à mobilização de uma ampla gama de recursos militares, incluindo o envolvimento de unidades policiais, como a Guarda Real de 1809. Essa participação ativa refletiu o compromisso da guarda com a defesa da pátria e sua disposição para servir em momentos de crise nacional.
Ao longo da guerra, os membros da Divisão da Guarda Real de Polícia demonstraram coragem e determinação em batalhas cruciais, como as de Riachuelo, Tuiuti e Avaí. Enfrentando um inimigo determinado e bem armado, os soldados da guarda lutaram bravamente ao lado das forças regulares do exército brasileiro, contribuindo para as vitórias e avanços das tropas aliadas. Sua participação nas campanhas militares foi marcada por sacrifício e heroísmo, consolidando ainda mais o papel da Divisão da Guarda Real de Polícia de 1809 como uma instituição militar de grande importância histórica e nacional.
Sua contribuição para a segurança e estabilidade da então capital do Brasil, o Rio de Janeiro colonial, foi inegável, deixando um legado que perdura até os dias atuais através das Polícias Militares.
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Fotos: 1º sargento da reserva remunerada Aurélio de Oliveira / CCS